O que são as crenças centrais?
- Luiza Natale
- 3 de jan.
- 3 min de leitura
Atualizado: 7 de mar.
Você já se pegou acreditando muito em algo sem saber muito bem o motivo? Talvez tenha pensado que não é bom o bastante ou que nunca vai alcançar seu sonho? Há uma grande chance de haver uma crença central por trás desses pensamentos.
Mas o que são as crenças centrais? Em palavras simples, elas são ideias que nós temos sobre nós mesmos, sobre o mundo e sobre os outros. Elas são essenciais pois nos guiam e nos permitem saber como interpretar as situações e como agir diante do mundo.
De onde elas surgem?
Desde nosso nascimento até nossos dias atuais, nós passamos por experiências que nos ensinam algumas coisas. Através dessas experiências, desenvolvemos alguns pressupostos que nos ajudam a nos guiar diante de novas situações.
É assim que sabemos como agir em cada situação sem ter que avaliar cada informação do zero, o que exigiria muito tempo e esforço mental para cada mínima situação que passamos.
Essas ideias se solidificam ao longo da vida, influenciando os nossos pensamentos, emoções e comportamentos.

As crenças centrais podem ser saudáveis ou limitantes. As crenças saudáveis nos ajudam a nos sentir seguros, confiantes e amados. As crenças limitantes, por outro lado, podem nos levar a sentir insegurança, baixa autoestima e ansiedade patológica.
Vejamos alguns de crenças centrais positivas:
"Eu sou capaz."
"Eu sou digno de amor."
"O mundo é um lugar seguro."
E, agora, alguns exemplos de crenças centrais negativas:
"Sou um fracasso."
"Não sou digno de amor."
"O mundo é um lugar perigoso."
"Não posso confiar em ninguém"
Categorias

As crenças centrais se dividem em 3 categorias principais: crenças de desamor, desvalor e desamparo.
Crenças de desamor: são crenças em que o indivíduo acredita que não é amado, aceito pelos outros ou digno de amor. Elas podem promover uma profunda sensação de solidão, rejeição e desconexão emocional. Alguns exemplos de crenças de desamor incluem:
"Eu não sou digno de amor."
"Eu nunca vou ser amado."
"As pessoas não gostam de mim."
Crenças de desvalor: são crenças em que a pessoa se vê de forma pessimista e desvalorizada, em que ela acredita ser inaceitável ou sem valor algum. Elas podem contribuir para a baixa autoestima, autocrítica e autodepreciação. Alguns exemplos de crenças de desvalor são:
"Eu sou um fracasso."
"Eu sou inútil."
"Eu sou feio."
Crenças de desamparo: são crenças em que o sujeito acha que não consegue se proteger, que não é capaz de fazer as coisas, ou que é menos capaz que os outros. Elas podem se manifestar e levar a emoções como medo e ansiedade. Alguns exemplos de crenças de desamparo são:
"Eu não consigo fazer nada certo."
"Eu sou uma vítima."
"Não sou bom o suficiente para isso."
Por que é importante eu saber disso?

As crenças centrais limitantes podem contribuir para o desenvolvimento de problemas psicológicos como depressão, ansiedade, transtornos alimentares e fobias. Elas também podem afetar nossas relações, carreira e qualidade de vida.
É através de nossas crenças centrais que interpretamos as situações que vivenciamos e o mundo à nossa volta. Assim, elas são capazes de influenciar nossos pensamentos, emoções e comportamentos.
Por exemplo, uma pessoa que tem como crença "Não sou capaz", pode interpretar situações vividas de uma forma negativa.

Se ela desejar conquistar uma vaga de emprego, ao ir para uma entrevista, ela pode ter pensamentos automáticos como "Vou falar tudo errado", "Eles não vão gostar de mim", "Mesmo que eu consiga a vaga, eles vão ver que não sou capaz de executar a função".
Isso contribui para sua ansiedade e para que tenha comportamentos diferentes do seu objetivo, podendo falar menos do que gostaria ou simplesmente abandonar a entrevista. Em última análise, esses pensamentos e emoções podem levar a comportamentos diferentes dos que gostaríamos de ter, como evitar desafios ou relacionamentos.
Assim, as crenças têm grande influência e papel em nossas vidas. Diante disso, é importante perceber quais crenças têm nos limitado e trabalhar para promover crenças mais saudáveis, o que nos permitirá alcançar nossos objetivos e ter maior qualidade de vida.
Assim, quando as pessoas começam a modificar suas crenças centrais negativas, elas costumam experimentar mudanças positivas em seus pensamentos, emoções e comportamentos.
No entanto, esse é um processo longo que se desenvolve em etapas, aos poucos.
É importante identificar as crenças centrais, explorando padrões de pensamento automáticos durante situações desafiadoras.
Mas, inicialmente, na terapia por exemplo, trabalhamos primeiro com os pensamentos automáticos.

Isso porque as crenças centrais estão enraizadas em nosso modo de ver e agir no mundo, afinal, desenvolvemos e fortalecemos elas desde nossa infância, enquanto os pensamentos automáticos se tratam de situações concretas e, portanto, mais passíveis de aceitarmos que nosso pensamento possa não estar tão correto. Para saber mais sobre isso, consulte nosso artigo sobre pensamentos automáticos.
Precisando, estou aqui <3
Luiza Teixeira Natale
Psicóloga clínica
CRP 05/77673
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