Entendendo a dependência emocional

Criamos laços afetivos com as pessoas à nossa volta e, ao contar com tais relações, podemos nos fortalecer e enfrentar dificuldades naturais da vida de forma mais leve.

Contudo, quando há necessidade excessiva de um outro para tomar decisões e nos sentirmos bem podemos estar diante de um sinal de alerta.

Tal dependência pode ser mais associada e mais comum em relações amorosas, mas nada impede que ocorra com amigos, familiares ou outras relações. Como essa questão afeta o convívio, a qualidade das relações sociais e o bem-estar dos envolvidos, é importante atentar aos sinais.

Como a pessoa com dependência emocional age?

A pessoa possui uma dependência afetiva em relação a outro indivíduo, de modo que depende da aprovação, aceitação, reconhecimento e decisões do outro para lidar com os eventos da sua vida - sejam eles problemas, questões sérias ou situações simples da rotina.

Isso geralmente aponta para alguma crença do dependente que afeta a sua confiança em si mesmo, no seu próprio valor. Com isso, uma dificuldade própria adentra à relação, podendo afetar a ambos.

A pessoa se sente incapaz de agir de forma adequada sem ajuda de outras pessoas, achando que é incapaz sozinha, porque algo ou alguém em algum momento a fez acreditar nisso. Portanto busca constantemente o outro para tomar decisões e se sentir melhor .

Nesses casos, pode chegar ao ponto de a pessoa se anular em tal intensidade que perde sua identidade, pois vive em função do outro. E pode até exigir do outro esta atitude na mesma proporção. Quando não recebe tal retorno afetivo, se frustra considerando como uma falta de gratidão e de reconhecimento.

Relação dessa pessoa com o outro

Dependendo de como é a saúde mental e e emocional desse outro, a pessoa dependente emocionalmente pode até mesmo aprofundar sua dependência.

Por exemplo, uma pessoa com apego exacerbado começa a namorar uma pessoa que, por conta de sua história de vida, tem dificuldade de expressar emoções e é distante afetivamente. A tendência é a pessoa com dependência se sentir ainda mais insegura, enquanto esse namorado reforçar ainda mais suas crenças de que não é bom expor emoções. Portanto, ambos podem estar reforçando mutuamente as dificuldades um do outro.

Também, muitas vezes, a pessoa com tal dependência acaba entrando em relações destrutivas. Por mais que a situação esteja ruim, a pessoa acredita que precisa desse outro para viver, enquanto esse outro pode se utilizar de estratégias para controlar e reforçar ainda mais essa dependência.

E como a dependência se desenvolve?

A infância é o momento em que começamos a conhecer o mundo e como este funciona, portanto o modo que a criança é criada e educada pelos pais e outros adultos influencia nas suas crenças sobre si mesma e o mundo.

É muito comum que a pessoa com dependência emocional não se sentisse amada e importante quando criança. Quando não há demonstrações de amor e carinho ou há superproteção exagerada e não houver mecanismos de enfrentamento adequados, essa pessoa pode vir a ser um adulto dependente.

Afinal, a criança que não sente que é amada pode se tornar insegura em relação ao amor dos outros, pois cresce com a crença de que não será amada nas relações futuras no decorrer de sua vida.

Assim, através do apego ao outro, ela busca no momento presente essa afirmação que faltou no seu desenvolvimento de que ela é importante e querida.

Quando demonstramos amor e confiança nas ações de nossas crianças, com limites, mas sem rigidez excessiva, contribuimos para o desenvolvimento de adultos saudáveis, com boa autoestima e seguros de si.

Dependência emocional ou amor?

Não é incomum ver pessoas justificarem a entrega total e dependência como uma prova do seu amor pelo outro, sem notar as suas necessidades e fragilidades contidas nessas atitudes de apego.

Portanto, podemos perceber a dependência quando a vida da pessoa é estruturada em torno da vida do outro, de modo a pensar que é impossível imaginar viver sem o outro. Com isso, se o relacionamento amoroso do dependente emocional chega ao fim, ele sofre muito e tende a buscar outra pessoa da qual depender, reiniciando o ciclo.

Numa relação saudável encontramos o amor pelo que o outro é, com seus defeitos e qualidades. Há um interesse em compartilhar a vida e os desafios desta com o outro, sem necessitar que o outro tome as rédeas da sua vida. É uma relação que fomenta trocas e aprendizados em sua relação.

Enquanto na dependência emocional, notamos que há muito mais uma urgência de satisfazer suas necessidades internas do que o desejo em si de estar com o outro. O foco está em como o outro pode nos ajudar a tomar nossas decisões e nos sentir amados.

Podemos enfrentar nossa dependência

Você já viu uma flor nascendo no concreto de uma calçada? Ela nasce e cresce em condições desfavoráveis. Mas ainda assim ela exala seu perfume, demonstra sua beleza e leveza independente da aprovação dos outros… E você pode ser essa flor.

A psicoterapia pode te ajudar nesse processo para enfrentar sua dependência, desenvolvendo seu autoconhecimento e consciência do próprio valor. Você poderá perceber como esse problema está afetando sua vida e suas relações, bem como descobrir como enfrentar isso.

Notará que o ciclo da dependência pode ser interrompido... por você! A solução mora dentro de você.

Assim, você notará o fortalecimento da sua autoestima, tornando-se mais seguro e dependente de si próprio, responsável por sua própria vida. Quando nos amamos, procuramos pessoas que nos valorizem e nos respeitem pelo que somos - podemos tomar conta da nossa vida e assim ficar disponível para poder amar, sem depender.

Na terapia, você descobrirá técnicas e estratégias que auxiliam nessa jornada, promovendo, por exemplo, a individualidade saudável dentro de um relacionamento em que ambos possam ter seu espaço e tempo de privacidade.

A dependência emocional dói e impede nosso crescimento. Aceite a flor dentro de você, ame-se e dependa especialmente de você para exalar sua essência!

Precisando, estou aqui <3

Luiza Teixeira Natale

Psicóloga clínica

CRP 05/77673