Enchentes no RS: como lidar com a angústia e onde encontrar ajuda
- Luiza Natale
- 13 de mai. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 7 de mar.
As recentes enchentes no Rio Grande do Sul têm deixado marcas profundas na paisagem de nossas cidades e na saúde mental das pessoas.

Foto: LEANDRO OSÓRIO/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Diante de tantos prejuízos materiais significativos, de perda de entes queridos e da preocupação com a segurança diante de tamanha incerteza, é de se esperar que surjam sentimentos como a tristeza, ansiedade e mesmo desesperança.
Veja neste artigo como lidar com o impacto desses eventos na saúde mental e onde ajudar e encontrar ajuda.
O Impacto emocional gerado pelas enchentes

Quando as águas sobem, não levam apenas bens materiais, mas também um pouco da nossa tranquilidade. O medo do desconhecido, a incerteza sobre o futuro e a dor da perda podem afetar profundamente nossa saúde mental.
Eventos naturais intensos, como as enchentes, podem levar a marcas profundas na psique das vítimas. A perda de bens, a desestruturação familiar, o medo da morte e a sensação de impotência são experiências que podem gerar um grande abalo emocional nas vítimas.
Foto: Maksuel Martins e Defesa Civil
Dessa forma, é comum que pessoas afetadas por catástrofes naturais como essas experimentem sintomas de estresse pós-traumático, depressão e ansiedade. Por isso, é importante considerarmos estratégias e formas para lidar com esses desafios e promover a saúde mental.
Como lidar com o sofrimento
Compreensão
Para lidar com o sofrimento, um passo importante é compreender e aceitar seus sentimentos. Reconhecer que é normal sentir-se abalado diante de tais circunstâncias contribui para aliviar o peso da angústia que sofremos nesses momentos.
Compreender e aceitar nossos sentimentos passa por um processo de autoaceitação, sem julgar nem classificar as emoções que surgem em nosso ser como certas ou erradas. Você pode identificar de onde vêm esses sentimentos e ser gentil consigo mesmo.
A atenção plena e meditação são ferramentas muito úteis que você pode usar nesse momento, auxiliando você a se conectar com o momento presente e observar seus pensamentos e emoções sem se deixar levar por eles. Também permita-se sentir e expressar seus sentimentos de forma saudável, converse, escreva, faça atividades físicas, busque técnicas de relaxamento.
Buscar apoio

Conversar sobre nossos sentimentos com amigos, familiares ou profissionais de saúde mental pode proporcionar um grande alívio. A rede de apoio com o auxílio emocional é uma ferramenta poderosa na recuperação de sofrimentos e traumas.
Manter rotinas
Se sua casa está em zona de risco e você está em um abrigo ou na casa de algum familiar ou amigo, esse item pode parecer difícil, não é mesmo? Afinal, mudou completamente a rotina com a qual estava acostumado. Mas tentar manter uma rotina, mesmo que adaptada às novas circunstâncias, é uma prática importante que pode ajudar você a gerar um senso de normalidade e controle em meio ao caos.
Práticas de autocuidado
Atividades como meditação, exercícios físicos leves e hobbies podem ser adaptados para serem praticados onde você estiver e são de grande ajuda para manter a mente ocupada e reduzir os níveis de estresse e ansiedade.
Ajuda e voluntariado

Abrigos e doações
Diversas organizações e centros comunitários estão oferecendo abrigo e coletando doações para as vítimas das enchentes. Informe-se sobre os pontos de coleta e abrigos disponíveis na sua região.
Foto: Rodrigo Ziebell/ Divulgação
Voluntariado
Participar de ações voluntárias pode não apenas ajudar quem precisa, mas também ser uma forma de encontrar propósito e alívio emocional para quem ajuda.
Apoio psicológico
O acesso a serviços de apoio psicológico é fundamental. Há instituições que estão oferecendo atendimento gratuito para as vítimas das enchentes. Diante do sofrimento, permita-se buscar ajuda profissional.
Mas onde encontrar?

Há locais que estão funcionando como abrigos, contando com ajuda de voluntários e recebendo doações nas mais diversas cidades do RS. Nesse sentido, em cada município haverá endereços e telefones de contato diferentes, por isso é importante se informar no seu município onde você pode encontrar a ajuda de que precisa.
Quanto a doações, também é importante conferir quais itens estão sendo necessários no momento e na localidade que você estará doando, para que as vítimas recebam o que ainda está fazendo falta.
De qualquer forma, você pode encontrar abaixo alguns contatos e links que podem ser úteis para você:
Foto: Lauro Alves/Secom
Brigada Militar: 190
Corpo de Bombeiros: 193
Defesa Civil estadual: 199
Apoio emocional - Centro de Valorização da Vida (CVV): ligue 188 ou acesse cvv.org.br
Pontos de doação: ondedoarrs.com.br
Voluntariar-se: https://casamilitar-rs.com.br/voluntariado/
Voluntariar-se (para profissionais da saúde): https://saude.rs.gov.br/cadastro-de-profissionais
Informações sobre doações, abrigos, etc. - https://sosenchentes.rs.gov.br/inicial
Resgate e emergências de risco de morte - WhatsApp156 (51) 3433-0156 (POA)
Receber os alertas meteorológicos - enviar o CEP do endereço, por SMS, para o número 40199 (POA)
Consulta SMS Pelotas - (53) 999544977 (Whatsapp) (PEL)
Voluntariar-se - (53) 33096003 (Whatsapp) (PEL)
Conclusão
As enchentes no Rio Grande do Sul são eventos que mexem com as pessoas e eles nos lembram o quão forte a natureza é e o quanto precisamos cuidar melhor dela. No entanto, também são desafios diante dos quais podemos exercitar e desenvolver nossa resiliência, compaixão e capacidade de superação.

Quando o auge da catástrofe passa começa o processo essencial de reconstrução e reorganização das áreas e casas afetadas. Mas tão importante quanto é nos atentarmos à nossa saúde mental e física, nos permitir processar o sofrimento passado e nos darmos tempo para nos recuperar aos poucos do sofrimento vivenciado.
E não precisamos passar por esse processo sozinhos. Juntos, podemos enfrentar esse desafio, apoiando uns aos outros e fortalecendo nossa comunidade.
Precisando, estou aqui <3
Luiza Teixeira Natale
Psicóloga clínica
CRP 05/77673
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